IHAC Digital será tema de apresentação no VII Congresso Internacional sobre Culturas

Nesta sexta-feira (26) o IHAC Digital será tema de uma das mesas do VII Congresso Internacional sobre Culturas. A atividade “Da migração digital compulsória à construção do IHAC (no) Digital: relato de experiência e reflexões para a proposição de uma plataforma pública de educação” discutirá sobre o processo de implantação do IHAC Digital, lançado em junho de 2020. A apresentação contará com a presença de Caroline Fantinel, Messias Bandeira, Rico Soares e Thainá Oliveira – equipe que atuou na conceituação e implantação da plataforma.

A atividade está programada para às 14h com transmissão ao vivo em www.culturas.cc/congresso2021.

RESUMO:
Vivenciamos um ápice da migração ao digital (VILCHES, 2003), em curso acelerado nos últimos anos, mas, desta vez, movida compulsivamente no contexto da pandemia da Covid-19. Como uma de suas consequências, a acentuação da desigualdade tecnológica do Brasil, haja vista a já grave desigualdade social, e que foi descortinada no avançar da persistente crise sanitária e política. Nesse ínterim, outras crises coexistentes no país, como a das universidades públicas, são tensionadas pelo poder público e grupos empresariais com seus interesses particulares. E, nesse cenário, a Universidade Federal da Bahia (UFBA), aqui representada por sua maior unidade, o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC), constitui um obstinado espaço de recusa às sucessivas tentativas de desmonte. No início da pandemia, momento em que se iniciaria o ano letivo no Brasil, o IHAC, e demais unidades da UFBA, tiveram que conter suas atividades e, com efeito, cerca de cinco mil estudantes que movimentam aquele Instituto foram impactados. Em contraponto, as universidades particulares apresentaram soluções rápidas para a manutenção de suas atividades no modelo remoto, com adoção de softwares proprietários, como o Microsoft Teams, Zoom e Google Meet. Paralelo às ações que a UFBA e demais unidades planejavam para um retorno remoto condizente e responsável com a realidade social e tecnológica da maioria de seus estudantes, o IHAC desbravou um caminho para manter sua presença no digital, e uma de suas ações foi a criação da plataforma colaborativa IHAC:\Digital. Essa plataforma visava a migração digital de suas atividades, inclusive aulas remotas, na qual obteve êxito quanto à realização de seminários e debates públicos, dando vazão aos pilares de pesquisa e extensão, no formato live streaming, ainda pouco usual na UFBA. A IHAC:\Digital se apropriou de tecnologias existentes, preferencialmente em software livre, tais como o WordPress, BuddyPress e o sistema de videoconferência Jitsi Meet, bem como dos recursos de infraestrutura técnica e pessoal disponíveis no Instituto, minimizando, assim, os custos e o tempo de desenvolvimento e lançamento público. Na contramão dessa iniciativa, posteriormente a UFBA adotou o Google Meet como uma de suas soluções para o retorno remoto, motivo de questionamentos de docentes preocupados com a apropriação de dados. Nesse sentido, Bandeira (2021), idealizador da IHAC:\Digital, reivindica o desenvolvimento de uma plataforma pública para a educação, na qual, acreditamos, deva se munir também das tecnologias existentes, das iniciativas em softwares livre que vêm sendo desenvolvidas colaborativamente, como o Moodle, WebConf, Next Cloud, Open Journal, dentre outras, numa espécie de convergência tecnológica em prol da educação. O artigo tem como objetivo, portanto, discutir a importância de iniciativas digitais livres e colaborativas para o fomento às práticas educacionais e culturais, a partir da nossa experiência com a IHAC:\Digital, não somente em ações pontuais na emergência da crise sanitária, mas como uma cultura que se intensifique nas universidades públicas do país. Reativando, possivelmente, o protagonismo da universidade pública frente ao alargamento da situação das desigualdades sociais e de acesso aos meios digitais no Brasil.